Ao ler artigos do tipo: “a televisão vai matar o cinema”, “as locadoras de vídeos vão acabar com o cinema”, “os sites piratas para baixar filmes vão acabar com o cinema”, “as locadoras on-line vão acabar com o cinema” ou “NetFlix vai acabar com o cinema”, é possível refletir e pensar que toda vez que alguma nova tecnologia surge no mercado de vídeo, alguém mata o cinema. Acontece da mesma forma hoje em dia quando o assunto é publicidade digital.
A cada nova ferramenta de gestão, rede social, forma de apresentar conteúdo, alguém afirma que a publicidade que conhecemos está morrendo.
Simples, ambas esquecem que é preciso produzir um filme antes de ele ser alugado, e uma campanha precisa ser criada em cima de um forte conceito antes de se definir os meios de comunicação que serão utilizados.
A indústria cinematográfica é uma grande vendedora de sonhos, formada por empresas que além de estúdios gigantescos, são detentoras dos maiores canais de filmes que hoje são vendidos por TVs a Cabo, empresas de entretenimento que produzem os filmes e séries exibidos no Netflix (para citar apenas o mais famoso), ganham com a venda de filmes em diversas mídias, etc. Se ela morrer, quem dessa cadeia sobreviverá?
A publicidade tem um caminho muito parecido com esse. Antes de definir os meios de comunicação e vendas, sua empresa precisa definir o que vai vender, para quem vai vender, por quanto vai vender e de que forma vai entregar o que for vendido. E isso se faz com inteligência criativa, pesquisa de mercado e planejamento de comunicação.
Nada será capaz de substituir o conhecimento. Se a pesquisa é feita de forma on-line ou nas ruas, é uma questão de metodologia. O que ela precisa é falar com quem possui o perfil de compra daquilo que estamos propostos a vender. Se vamos utilizar TV, jornal, rádio, outdoor, busdoor, relógio digital, painéis, folheteria, distribuição de impressos, portais de notícias segmentados, produção de conteúdo (blogs), influenciadores digitais, e-mail marketing, disparo de newsletter, displays, remarketing ou seja lá qual for o meio de comunicação desejado, isso será resolvido pelo planejamento, que terá como base de definição os resultados da pesquisa realizada.
Não, essa forma de buscar oferecer ao mercado aquilo que ele deseja nasceu há 40 anos (ou mais) com o nome de “Empresa mercado orientada”. É simples: antes de produzir vamos ouvir se o consumidor quer comprar esse tipo de produto e quanto ele esta disposto a pagar. Voltamos para a fábrica e avaliamos se conseguimos produzir o produto desejado, com o valor final desejado, garantindo nossa margem de lucro. Se sim, vamos produzir e vender. Se não, o projeto será recusado. O mercado hoje tem a necessidade de colocar roupas novas em modelos existentes, para vender como novo aquilo que já é conhecido.
A publicidade que você conhece continua existindo, e continuará por muitos anos, pois o que está mudando não é a forma que a fazemos. Ainda precisamos ter criação de conceitos sólidos, pesquisa de mercado e divulgação através dos canais de vendas adequados. O que está mudando são os nomes dados a essas ações. A caderneta do mercadinho do Seu Manoel virou CRM.
A utilização de diversas plataformas para levar sua comunicação ao cliente virou Inbound Marketing, os geniais anúncios All Type agora viraram “conteúdo”, e por trás de tudo isso ainda continuam existindo publicitários e suas agências.
Ganhamos a companhia de jornalistas especializados em desenvolvimento de conteúdos para Blogs, profissionais com conhecimento em métricas on-line, conhecedores das ferramentas de publicação em sites de buscas e redes sociais, mas continuamos todos profissionais de publicidade.
Sem uma campanha com conceito forte, linguagem adequada ao público-alvo, utilização dos meios de comunicação adequados, não existirá mágica que faça a venda acontecer.
Sem embalagens atraentes, excelente posicionamento/visibilidade em PDVs, logística assertiva, preços competitivos, atendimento cordial, resposta rápida e resolução de possíveis problemas, todo o investimento feito em sua publicidade vai para o ralo, independente da escolha correta dos meios de comunicação.
Quando vemos um dos maiores players on-line de hotelaria inundar todos os canais de filmes e séries com suas propagandas, lemos pesquisas que afirmam que o jornal é a mídia mais confiável deixando o on-line nas ultimas posições, percebemos que os grandes do e-commmerce são grandes anunciantes da TV, percebemos que essa discussão boba de on x off só interessa a quem deseja vender seus serviços aos anunciantes, e não os produtos deles aos seus clientes.